01/09/2011 Noticia AnteriorPróxima Noticia

Biomassa pode incentivar corrida global por terras

31/08/2011

Países industrializados e empresas estão adquirindo vastas propriedades para plantar árvores e conseguir alcançar suas metas de geração renovável e redução de emissões, porém podem por em risco o modo de vida de milhares de pessoas.

Atualmente, a energia gerada por biomassa responde por 77% das renováveis no planeta, e árvores e outras plantas constituem 87% desse material, de acordo com dados do Instituto Internacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED). Acontece que para conseguir utilizar cada vez mais esse potencial das biomassas, nações ricas e companhias privadas estão tirando proveito do custo barato de terras em países mais pobres, colocando em risco a sobrevivência de comunidades inteiras.

Este é o alerta que faz um documento divulgado nesta semana pelo IIED intitulado “Biomass energy: Another driver of land acquisitions?” (Energia de Biomassa: Outro indutor para a aquisição de terras?), que discute os impactos sociais dessa busca por terras e pede por um debate mais aberto sobre o assunto.

“Todos os olhos estão voltados para a questão alimento x biocombustíveis, porém o plantio de árvores para a geração de energia deve em breve se tornar um importante indutor de uma corrida global por terras”, afirmou Lorenzo Cotula, coautor do artigo.

A Europa, por exemplo, para atingir os objetivos traçados para 2020 com relação à energia renovável e redução das emissões de gases do efeito estufa, vai precisar de 40 milhões de toneladas métricas de biomassa sólida (odmt) apenas para a geração de eletricidade e outras 50 milhões de odmt para a calefação.

Itália, Japão, Holanda, Suécia e o Reino Unido já estão importando volumes crescentes de madeira. De acordo com a Confederação Europeia de Indústrias de Papel (CEPI), a Europa vai enfrentar um déficit de 210 milhões de toneladas em todos os setores por volta de 2020.

Com um aumento assim na demanda, muitos países não terão como gerar essa quantidade de biomassa dentro de suas próprias fronteiras, sendo então obrigados a importar madeira ou ainda comprar terras em outras nações para fazer o plantio das árvores que precisam.

As importações deverão ser atendidas por países na América do Sul e na África, com o Brasil aparecendo com destaque por já possuir uma indústria madeireira consolidada e uma melhor infraestrutura.

Já no caso de novas áreas de plantio de árvores, as nações africanas são as mais atraentes para os investidores, pois possuem grandes quantidades de terra a um preço relativamente baixo e com uma boa taxa de crescimento das plantas.

Confirmando essa tendência, uma empresa norte-americana anunciou recentemente ter obtido os direitos sobre uma área de cinco mil hectares na Guiana por 49 anos para produzir biomassa destinada exclusivamente para a geração de energia.A mesma companhia tem planos para comprar terras em Madagascar, Moçambique e Tanzânia.

Com o aumento do interesse pela biomassa, esse tipo de atividade deve mesmo se consolidar como uma fatia significante do mercado de madeira, e o IIED salienta que é preciso um maior controle sobre essas negociações de compra de terras.

Impacto sociais

Segundo o artigo, a busca por propriedades baratas vai conduzir os investidores para países africanos e do sudeste asiático que não possuem legislações fortes o suficiente para garantir que não ocorram injustiças contra os povos nativos.

Na África, por exemplo, é comum que as terras sejam controladas por agências governamentais mesmo se comunidades vivam nelas há décadas. Assim, as autoridades podem acabar achando interessante ceder as terras para alguma multinacional sem qualquer contrapartida para a população.

Outra característica comum em países africanos é que as decisões podem ser tomadas por líderes tribais, que podem ser assediados com facilidade e nem sempre representam a opinião de todas as pessoas que vivem nas terras a serem negociadas.

Em qualquer desses casos, o IIED alerta que fica muito fácil o uso de subornos, manipulações e abusos por parte dos governos mais ricos ou das grandes empresas.

Como essa corrida por terras ainda está em seu início, o artigo afirma que agora seria o momento ideal para a comunidade internacional debater regras de conduta e normas técnicas para garantir a segurança alimentar e os direitos das comunidades.

“Se feitas da forma correta, novas plantações de árvores em países menos desenvolvidos podem trazer grandes benefícios, como geração de empregos e renda. Mas se não houver controle, podem acabar marginalizando centenas de milhares de pessoas que serão vítimas das necessidades dos mais ricos”, conclui o artigo.

Fabiano Ávila

Saiba o que é BIOMASSA

BiomassaOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.Ir para: navegação, pesquisa

A palha do arroz pode ser queimada para a obtenção de energia.Energia renovável

Biocombustível

Biomassa

Energia azul

Energia geotérmica

Energia hidráulica

Hidreletricidade

Energia solar

Energia maremotriz

Energia das ondas

Energia das correntes marítimas

Energia eólica

Do ponto de vista da geração de energia, o termo biomassa abrange os derivados recentes de organismos vivos utilizados como combustíveis ou para a sua produção. Do ponto de vista da ecologia, biomassa é a quantidade total de matéria viva existente num ecossistema ou numa população animal ou vegetal. Os dois conceitos estão, portanto, interligados, embora sejam diferentes[1].

Na definição de biomassa para a geração de energia excluem-se os tradicionais combustíveis fósseis, embora estes também sejam derivados da vida vegetal (carvão mineral) ou animal (petróleo e gás natural), mas são resultado de várias transformações que requerem milhões de anos para acontecerem. A biomassa pode considerar-se um recurso natural renovável, enquanto que os combustíveis fósseis não se renovam a curto prazo.

A biomassa é utilizada na produção de energia a partir de processos como a combustão de material orgânico produzida e acumulada em um ecossistema, porém nem toda a produção primária passa a incrementar a biomassa vegetal do ecossistema. Parte dessa energia acumulada é empregada pelo ecossistema para sua própria manutenção. Suas vantagens são o baixo custo, é renovável, permite o reaproveitamento de resíduos e é menos poluente que outras formas de energias como aquela obtida a partir de combustíveis fósseis.

A queima de biomassa provoca a liberação de dióxido de carbono na atmosfera, mas como este composto havia sido previamente absorvido pelas plantas que deram origem ao combustível, o balanço de emissões de CO2 é nulo.

Índice [esconder]

1 Utilização da biomassa como combustível

2 Materiais

3 Produtos derivados da biomassa

4 Empreendimentos no Brasil

5 Impactos ambientais

6 Ligações externas

7 Referências

[editar] Utilização da biomassa como combustívelUm dos primeiros empregos da biomassa pelo ser humano para adquirir energia teve início com a utilização do fogo como fonte de calor e luz. O domínio desse recurso natural trouxe à humanidade a possibilidade de exploração dos minerais, minérios e metais, marcando novo período antropológico. A madeira do mesmo modo foi por um longo período de tempo a principal fonte energética. Com ela, a cocção, a siderurgia e a cerâmica foram empreendidas. Óleos de fontes diversas eram utilizados em menor escala. O grande salto da biomassa deu-se com o advento da lenha na siderurgia, no período da Revolução Industrial.

Nos anos que compreenderam o século XIX, com a revelação da tecnologia a vapor, a biomassa passou a ter papel primordial também para obtenção de energia mecânica com aplicações em setores na indústria e nos transportes. A despeito do início da exploração dos combustíveis fósseis, como o carvão mineral e o petróleo, a lenha continuou desempenhando importante papel energético, principalmente nos países tropicais. No Brasil, foi aproveitada em larga escala, atingindo a marca de 40% da produção energética primária, porém, para o meio-ambiente um valor como esse não é motivo para comemorações, afinal, o desmatamento das florestas brasileiras aumentou nos últimos anos.

Durante os colapsos de fornecimento de petróleo que ocorreram durante a década de 1970, essa importância se tornou evidente pela ampla utilização de artigos procedentes da biomassa como álcool, gás de madeira, biogás e óleos vegetais nos motores de combustão interna. Não obstante, os motores de combustão interna foram primeiramente testados com derivados de biomassa, sendo praticamente unânime a declaração de que os combustíveis fósseis só obtiveram primazia por fatores econômicos, como oferta e procura, nunca por questões técnicas de adequação.

Para obtenção das mais variadas fontes de energia, a biomassa pode ser utilizada de maneira vasta, direta ou indiretamente. O menor percentual de poluição atmosférica global e localizado, a estabilidade do ciclo do carbono e o maior emprego de mão-de-obra, podem ser mencionados como alguns dos benefícios de sua utilização.

Igualmente, em relação a outras formas de energias renováveis, a biomassa, como energia química, tem posição de destaque devido à alta densidade energética e pelas facilidades de armazenamento, câmbio e transporte. A semelhança entre os motores e sistemas de produção de energia de biomassa e de energia fóssil é outra vantagem, dessa forma a substituição não teria um efeito tão impactante nem na indústria de produção de equipamentos nem nas bases instituídas para transporte e fabricação de energia elétrica.

[editar] MateriaisA lenha é muito utilizada para produção de energia por biomassa - no Brasil, já representou 40% da produção energética primária. A grande desvantagem é o desmatamento das florestas;

Cana-de-açúcar - no Brasil, diversas usinas de açúcar e destilarias estão produzindo metano a partir da vinhaça. O gás resultante está sendo utilizado como combustível para o funcionamento de motores estacionários das usinas e de seus caminhões. O equipamento onde se processa a queima ou a digestão da biomassa é chamado de biodigestor. Numa destilaria com produção diária de 100 000 litros de álcool e 1500 m3 de vinhaça, possibilita a obtenção de 24 000 m3 de biogás, equivalente a 247,5 bilhões de calorias. O biogás obtido poderia ser utilizado diretamente nas caldeiras, liberando maior quantidade de bagaço para geração de energia elétrica através de termoelétricas, ou gerar 2916 KW de energia, suficiente para suprir o consumo doméstico de 25 000 famílias;

Serrim ou serradura de madeira;

Papel já utilizado;

Galhos e folhas decorrentes da poda de árvores em cidades ou casas;

Embalagens de papelão descartadas após a aquisição de diversos eletrodomésticos ou outros produtos;

Casca de arroz;

Capim-elefante;[2]

Lodo de ETE: Especialmente os provenientes do processo de lodos ativados amplamente utilizados na industria têxtil;

[editar] Produtos derivados da biomassaAlguns exemplos de produtos derivados da biomassa são:

Bio-óleo: líquido negro obtido por meio do processo de pirólise cujas destinações principais são aquecimento e geração de energia elétrica.

Biogás: metano obtido juntamente com dióxido de carbono por meio da decomposição de materiais como resíduos, alimentos, esgoto e esterco em digestores de biomassa.

Biomass-to-Liquids: líquido obtido em duas etapas. Primeiro é realizado um processo de gasificação, cujo produto é submetido ao processo de Fischer-Tropsch. Pode ser empregado na composição de lubrificantes e combustíveis líquidos para utilização em motores do ciclo diesel.

Etanol celulósico: etanol obtido alternativamente por dois processos. Em um deles a biomassa, formada basicamente por moléculas de célulose, é submetida ao processo de hidrólise enzimática, utilizando várias enzimas, como a celulase, celobiase e β-glicosidase. O outro processo é composto pela execução sucessiva das três seguintes fases: gasificação, fermentação e destilação.

Bioetanol "comum": feito no Brasil à base do sumo extraído da cana de açúcar (caldo de cana). Há países que empregam milho (caso dos Estados Unidos) e beterraba (da França) para a sua produção. O sistema à base de cana-de-açúcar empregado no Brasil é mais viável do que o utilizado pelo americano e francês.

Biodiesel: éster produzido com óleos vegetais como do dendê, da mamona, do sorgo e da soja, etc.

Óleo vegetal: Pode ser usado em Motores diesel usando a tecnologia Elsbett

Lenha: Forma mais antiga de utilização da Biomassa.

Carvão vegetal: Sólido negro obtido pela carbonização pirogenal da lenha ou carbonização hidrotermal.

Turfa: Material orgânico, semidecomposto encontrado em regiões pantanosas.

[editar] Empreendimentos no BrasilNo Brasil existem algumas iniciativas neste setor, sobretudo na seção de transportes. A USGA, éter etílico, óleo de mamona e alguns compostos de álcool como a azulina e a motorina, foram produzidos em substituição à gasolina ou ao Diesel com sucesso, da década de 1920 até os primeiros dias da dezena seguinte; período do colapso decorrente da Primeira Guerra Mundial.

A mistura do álcool na gasolina, iniciada por lei em 1931, permitiu ao Brasil a melhoria do resultado dos motores de combustão de forma garantida e higiênica; o uso de aditivos veneníferos como o chumbo tetra etílico, que de maneira similar foram utilizados em outros países para o aumento das características antidetonantes da gasolina, foi evitado. É de grande importância tal aumento, pois facilita o uso de maior taxa de compressão nos motores a explosão.

O Pró Álcool praticado nos anos de 1970, consolidou a opção do álcool como alternativa à gasolina. Não obstante os problemas enfrentados como queda nos valores internacionais do petróleo e oscilações no preço do álcool, que afetaram por várias vezes a oferta interna do álcool, os efeitos da estratégia governamental sobrevivem em seus incrementos. A gasolina brasileira é uma mistura contendo 25% de álcool e a metodologia de fabricação do carro a álcool atingiu níveis de excelência. Os problemas enfrentados na década de 1990 de desabastecimento de álcool que geraram a queda na busca do carro a álcool deixaram de ser uma ameaça ao consumidor graças à recente oferta dos carros bicombustíveis.

Recentemente, o programa do biodiesel está sendo implantado para a inserção do óleo vegetal como complementar ao óleo diesel. Primeiramente a mistura será de até 2% do derivado da biomassa no diesel com um aumento gradativo até o percentual de 20% num período de dez anos.

O experimento brasileiro não está limitado apenas à esfera dos transportes, o setor de energia elétrica tem sido favorecido com a injeção de energia procedente das usinas de álcool e açúcar, geradas a partir da incineração do bagaço e da palha da cana-de-açúcar. Outros detritos como palha de arroz ou serragem de madeira também sustentam algumas termoelétricas pelo país.

[editar] Impactos ambientaisA respeito das conveniências referidas, o uso da biomassa em larga escala também exige certos cuidados que devem ser lembrados, durante as décadas de 1980 e 1990 o desenvolvimento impetuoso da indústria do álcool no Brasil tornou isto evidente. Empreendimentos para a utilização de biomassa de forma ampla podem ter impactos ambientais inquietantes. O resultado poder ser destruição da fauna e da flora com extinção de certas espécies, contaminação do solo e mananciais de água por uso de adubos e outros meios de defesa manejados inadequadamente. Por isso, o respeito à biodiversidade e a preocupação ambiental devem reger todo e qualquer intento de utilização de biomassa.

Por: Instituto CarbonoBrasil/IIED