É impressionante e muito singular que um pensador tenha conseguido explorar de maneira tão fértil dois aspectos distintos do pensamento e do conhecimento como são a ciência e a poesia. De origem muito humilde, Bachelard sempre trabalhou enquanto estudava. Pretendia formar-se engenheiro até que a Primeira Guerra eclodiu e impossibilitou-lhe este projeto. Passou a lecionar Química e Física no curso secundário. Aos 35 anos inicia seus estudos de Filosofia e passa a lecionar e escrever. Sua obra pode ser dividida em duas: a obra diurna e a obra noturna, como o próprio autor expressa: “Demasiadamente tarde, conheci a boa consciência, no trabalho alternado das imagens e dos conceitos, duas boas consciências, que seria a do pleno dia e a que aceita o lado noturno da alma”. Seus analistas passaram a dividir sua obra relativa à epistemologia e à história das ciências como diurna e a sua outra faceta, que o remete ao estudo da imaginação poética, dos devaneios, dos sonhos, deu-se o adjetivo de obra noturna. Foi um dos maiores pensadores franceses do século XX.
“Imaginar é subir um tom na realidade”
Para ensinarmos um aluno a inventar precisamos mostrar-lhe que ele já possui a capacidade de descobrir
Quem acha sem procurar é quem longamente buscou sem encontrar.
O real não é nunca aquilo em que se poderia acreditar, mas é sempre aquilo em que deveríamos ter pensado.
Para ser feliz, é necessário pensar na felicidade de um outro.
O homem é a criação do desejo e não a criação da necessidade.
Não se encontra o espaço, é sempre necessário construí-lo.
Face à realidade, o que julgamos saber claramente ofusca o que deveríamos saber.
Todo o conhecimento é uma resposta a uma pergunta.
A conquista do supérfluo provoca uma excitação espiritual superior à conquista do necessário.
Compreendemos a natureza resistindo-lhe.
Conheço uma tristeza com cheiro de abacaxi, sou menos triste,sou mais docemente triste.
Ainda existem almas para as quais o amor é o contato de duas poesias, a fusão de dois devaneios.
Os eixos da ciência e da poesia são a princípio inversos. Tudo o que a filosofia pode esperar é tornar a poesia e a ciência complementares, uni-las como dois contrários bem feitos. É preciso, portanto, opor ao espírito poético expansivo o espírito científico taciturno, para o que a antipatia prévia é uma saudável precaução.